19 março 2006

Campeonato de pilotos 2006 (após 2 etapas):

1 - Fernando Alonso - Renault - 18 pontos

2 - Michael Schumacher - Ferrari - 11 pontos

2= - Jenson Button - Honda - 11 pontos

4 - Giancarlo Fisichella - Renault - 10 pontos

5 - Juan Pablo Montoya - McLaren-Mercedes - 9 pontos

6 - Kimi Räikkönen - McLaren-Mercedes - 6 pontos

7 - Felipe Massa - Ferrari - 4 pontos

8 - Mark Webber - Williams-Cosworth - 3 pontos

9 - Jacques Villeneuve - Sauber-BMW - 2 pontos

9= - Nico Rosberg - Williams-Cosworth - 2 pontos

11 - Ralf Schumacher - Toyota - 1 ponto

11= - Christian Klien - Red Bull-Ferrari - 1 ponto

Campeonato de construtores 2006 (após 2 etapas):

1 - Renault - 28 pontos
2 - Ferrari - 15 pontos
2= - McLaren - 15 pontos
4 - Honda - 11 pontos
5 - Williams-Cosworth - 5 pontos
6 - BMW-Sauber - 2 pontos
7 - Toyota - 1 ponto
7= - Red Bull-Ferrari - 1 ponto

Classificação final do GP da Malásia, segunda etapa do campeonato

1) Giancarlo Fisichella (ITA/Renault/M), 56 voltas
2) Fernando Alonso (ESP/Renault/M), a 4s585
3) Jenson Button (ING/Honda/M), a 9s631
4) Juan Pablo Montoya (COL/McLaren-Mercedes/M), a 39s351
5) Felipe Massa (BRA/Ferrari/B), a 43s254
6) Michael Schumacher (ALE/Ferrari/B), a 43s854
7) Jacques Villeneuve (CAN/BMW Sauber/M), a 1min20s400
8) Ralf Schumacher (ALE/Toyota/B), a 1min21s200
9) Jarno Trulli (ITA/Toyota/B), a 1 volta
10) Rubens Barrichello (BRA/Honda/B), a 1 volta
11) Vitantonio Liuzzi (ITA/Toro Rosso-Cosworth/M), a 2 voltas
12) Christijan Albers (HOL/MF1-Toyota/B), a 2 voltas
13) Tiago Monteiro (POR/MF1-Toyota/B), a 2 voltas
14) Takuma Sato (JAP/Super Aguri-Honda/B), a 3 voltas

NÃO COMPLETARAM, Nº DE VOLTAS/MOTIVO:

Nick Heidfeld (ALE/BMW Sauber/M), 48/motor
Scott Speed (EUA/Toro Rosso-Cosworth/M), 41/mecânico
Yuji Ide (JAP/Super Aguri-Honda/B), 33/mecânico
Christian Klien (AUT/Red Bull-Ferrari/M), 26/hidráulico
Mark Webber (AUT/Williams-Cosworth/B), 15/motor
David Coulthard (ESC/Red Bull-Ferrari/M), 10/hidráulico
Nico Rosberg (ALE/Williams-Cosworth/B), 6/motor
Kimi Raikkonen (FIN/McLaren-Mercedes/M), 0/acidente

Dobradinha

O bom e movimentado GP da Malásia, no circuito de Sepang, teve interessantes brigas nos pelotões intermediários, mas, lá na frente, só deu Renault: Fisichella dominou a prova sem grandes problemas e Alonso, que partiu da sétima posição, confirmou a superioridade do carro azul e amarelo, chegando em segundo depois de uma bem sucedida estratégia de paradas - antecipou seu segundo pitstop e voltou à frente de Jenson Button, da Honda, que acabou em terceiro (para frustração dele e da equipe).

O piloto mais badalado do momento, Nico Rosberg, da Williams, não teve sorte: largou mal, perdeu posições e seu motor estourou logo no começo. A Williams, aliás, teve um péssimo dia, já que Mark Webber também abandonou com problemas hidráulicos.

Enquanto Button fazia uma prova consistente, mantendo-se sempre nas primeiras posições, Barrichello patinava lá atrás; largando em 20º, fazia uma corrida de recuperação e chegou a estar na zona de pontos, mas uma punição por excesso de velocidade nos boxes, naquela que seria sua única parada, tirou-lhe as chances de algo melhor. Acabou em décimo lugar e disse que estas primeiras corridas serviram como aprendizado. É bom aprender logo, senão a Honda vai começar a desconfiar que não fez um bom negócio.

A surpresa do dia foi o bom desempenho da BMW Sauber. Não apenas Villeneuve marcou os primeiros pontos da equipe, ao chegar em sétimo, mas Nick Heidfeld poderia ter conseguido resultado ainda melhor: estava em quinto lugar quando seu motor papocou. Diga-se de passagem que o GP da Malásia foi pródigo em abandonos; foram oito, no total.

Kimi Raikkonen segue a sua sina azarada: foi tocado na largada por Klien, da Red Bull, e esse toque quebrou a suspensão traseira de seu carro. Resultado: fim de prova para o finlandês, que vai ficando mais distante da briga pelo título, embora ainda seja muito cedo para afirmar isso. Mas é que, com a uruca que paira sobre Kimi, não seria de estranhar se ele tivesse problemas nas próximas provas... Por outro lado, Montoya fez uma corrida no seu estilo mais recente: discreto, sem incomodar ninguém, sem brilhar, sem sal... Faturou um quarto lugar.

A Toyota recuperou-se em parte do vexame no Bahrein e pelo menos colocou Ralf Schumacher - que havia largado em último - na oitava posição (com uma forcinha dos pilotos que abandonaram mais cedo, certamente) e Trulli em nono lugar. Ainda não justifica a grana que a montadora vem queimando na categoria, mas ajuda a respirar.

E a Ferrari, hein? Antes do final de semana, Schumacher falava em pole e em brigar pela vitória, mas a escuderia italiana passou por maus bocados. Trocaram o motor do alemão e também o de Massa (duas vezes) e isso lhes custou posições no grid. Massa fez uma excelente prova, largou em 21º com gasolina até a tampa, fez só uma parada e obteve um bom quinto lugar (uma ótima posição, dadas as circunstâncias). O mais importante é que ele terminou à frente de Schumacher, que chegou em sexto, e a Ferrari em nenhum momento deu a ordem de Felipe abrir para o alemão. Quem deve estar se roendo de raiva é Barrichello: no tempo dele não tinha essa moleza não...

Com a vitória, Fisichella tenta consolidar sua posição dentro da Renault, já que o boato correndo no paddock neste fim de semana é que a Renault poderia ter uma dupla finlandesa para 2007: Kimi Raikkonen (que seria "roubado" da McLaren como uma espécie de vingança pelo fato de Alonso ir para a equipe inglesa no ano que vem) e Heikki Kovalainen, piloto de testes dos franceses e grande aposta de Flavio Briatore, que gerencia sua carreira. Fisichella terá de mostrar serviço se quiser continuar no time azul em 2007. E começou bem.

Daqui a duas semanas, GP da Austrália, em Melbourne - mais uma corrida de madrugada, isso acaba comigo. Até lá, continuarei ligado no que acontece na F1.

18 março 2006

Desastre brasileiro na Malásia

Bom, uma coisa pode se dizer sobre o treino classificatório para o GP da Malásia: nunca tantos pilotos "de ponta" largaram tão mal.

A Ferrari, definitivamente, enfrenta problemas com seus motores. Parece que a mudança para os V8 complicou o trabalho da equipe de Maranello. Tanto Michael Schumacher quanto Felipe Massa tiveram de trocar o motor antes da classificação e foram punidos com a perda de posições no grid; Schummy perdeu dez posições e Massa, cujo motor foi trocado duas (!) vezes, perdeu vinte posições e larga em último. Além deles, David Coulthard, cuja Red Bull é impulsionada por motores Ferrari, também trocou o propulsor e também perdeu 10 posições no grid.

Outros punidos por trocar o motor foram Ralf Schumacher, da Toyota, que larga em 19º, e Barrichello, que sai em 21º - com isto, a última fila do grid é totalmente verde-amarela. O caso de Barrichello é ainda mais dramático, porque ele não conseguiu se classificar para a superpole e tomou quase um segundo do companheiro de equipe, Jenson Button, que larga em segundo. Barrichello era só alegria durante os testes de inverno, e agora não está mais se achando no carro? Estranho. Uma de suas frases neste final de semana vai entrar para o anedotário da F1 (e certamente servirá de material para os humoristas que gostam de satirizá-lo por aqui): "Tenho que guiar devagar para poder ter uma volta rápida". Fala sério, Rubinho.

Mas a classificação ainda reservou outras surpresas: as Williams comprovam sua força e ficam com terceiro e quarto lugares, sendo que a sensação deste início de campeonato, Nico Rosberg, larga à frente de Mark Webber. E Fisichella, quem diria, conseguiu espantar o azar que o persegue desde a temporada passada e ficou com a pole position, deixando Alonso para largar apenas em sétimo. Tá certo que Alonso foi prejudicado pelo tráfego em sua volta rápida, e certamente tem uma estratégia diferente de Fisichella para a prova - deve estar mais pesado do que o italiano. O mesmo pode ser dito das duas McLarens, com Montoya em 5º e Raikonnen em 6º; são carros que vão render muito mais na corrida, e que devem estar bem mais pesados que os outros.

No final das contas, a sorte continua a sorrir para Michael Schumacher; com o quarto tempo na classificação, deveria largar em 14º, uma vez que perdeu dez posições pela troca de motor, mas larga em 11º graças às punições aos outros pilotos.

E agora é só esperar pela corrida, que deve ser bem movimentada.

17 março 2006

Notas da Malásia

Sepang, Malásia. Aquele calor dos infernos. Muita umidade. São as agruras por que passa o circo da F1 antes de chegar à confortável (em termos de clima) etapa européia da competição.

Nos primeiros treinos livres para o GP da Malásia, realizados hoje, a surpresa foi o ótimo desempenho da Williams. O piloto de testes Alexander Wurz fez o melhor tempo na primeira sessão e ficou em segundo lugar na segunda sessão, atrás apenas de outro piloto de testes, Anthony Davidson, da Honda. Detalhe: Wurz fez o tempo mais rápido do dia, 1min34s946. Parece que o carro da Williams pode entrar na briga de vez.

Nestes treinos, o melhor titular foi Fernando Alonso, que emplacou 1min35s806 com sua Renault na segunda sessão e ficou em terceiro, atrás de Davidson e Wurz.

Massa está andando bem perto de Schumacher (ficou atrás do alemão por questão de alguns décimos na primeira sessão e ficou à frente de Schummy no segundo treino).

Só que o brasileiro vai perder dez posições no grid por ter trocado o motor para esta etapa do campeonato, regra que já era aplicada na temporada passada e que foi mantida neste ano. Os motores têm que durar dois finais de semana. Coulthard - que, vejam só, também corre com motores Ferrari - sofrerá a mesma punição.

A primeira voz discordante sobre o novo sistema de classificação se fez ouvir: Frank Williams quer ajustes na parte final do treino, a chamada "superpole", pois não gostou de "ver dez carros andando oito segundos acima do ritmo da pole para gastar gasolina", o que é uma conseqüência da regra segundo a qual os dez carros classificados para a última parte do treino têm de iniciar essa sessão com a quantidade de combustível que será utilizada na largada da corrida. Com isto, os pilotos ficam fazendo voltas lentas, para gastar gasolina e deixar os carros mais leves para o final do treino, quando aceleram e partem para fazer voltas rápidas.

A temporada mal começou e as especulações para o ano que vem seguem ferozes nos bastidores. A imprensa alemã publicou que Schumacher teria renovado o contrato com a Ferrari até 2008 e que Raikkonen já teria acertado tudo com a escuderia italiana para 2007, neste último caso citando "fontes internas" da McLaren. Oficialmente, Schumacher nega esses boatos e diz que ainda não se decidiu; e a McLaren diz que pretende manter Raikkonen para o ano que vem.

Mas a situação do finlandês na equipe não é das melhores. Raikkonen, que já é chegado a uma manguacinha, vai ser monitorado por um médico também da Finlândia, que vai tentar botar o garoto na linha. Dizem, à boca pequena, que Raikkonen bebe muito para afogar a frustração por ter um carro veloz mas pouco confiável, que sempre o deixa na mão nas melhores horas...

E uma fotinha de Sepang pra vocês:


Mecânicos da McLaren se preparam para a simulação de pitstops nesta sexta-feira em Sepang, na Malásia, segunda etapa da temporada 2006.

12 março 2006

Campeonato de pilotos 2006 (após 1 etapa):

1 Fernando Alonso/Renault: 10

2 Michael Schumacher/Ferrari: 8

3 Kimi Räikkönen/McLaren-Mercedes: 6

4 Jenson Button/Honda: 5

5 Juan Pablo Montoya/McLaren-Mercedes: 4

6 Mark Webber/Williams-Cosworth: 3

7 Nico Rosberg/Williams-Cosworth: 2

8 Christian Klien/RBR-Ferrari: 1

Campeonato de construtores 2006 (após 1 etapa):

1 Renault: 10

1= McLaren-Mercedes: 10

3 Ferrari: 8

4 Honda: 5

4= Williams-Cosworth: 5

6 RBR-Ferrari: 1

Classificação final do GP do Bahrein, 1º etapa do campeonato:

1) Fernando Alonso (ESP/Renault/M), 57 voltas em 1h21min46s205
2) Michael Schumacher (AL/Ferrari/B), a 1s246
3) Kimi Raikkonen (FIN/McLaren/M), a 19s360
4) Jenson Button (ING/Honda/M), a 19s992
5) Juan Pablo Montoya (COL/McLaren-Mercedes/M), a 37s048
6) Mark Webber (AUS/Williams-Cosworth/B), a 41s932
7) Nico Rosberg (ALE/Williams-Cosworth /B), a 1min03s043
8) Christian Klien (AUT/Red Bull-Ferrari/M), a 1min06s771
9) Felipe Massa (BRA/Ferrari/B), a 1min09s907
10) David Coulthard (ESC/Red Bull-Ferrari/M), a 1min15s541
11) Vitantonio Liuzzi (ITA/Toro Rosso-Cosworth/M), a 1min25s900
12) Nick Heidfeld (ALE/BMW Sauber/M), a 1 volta
13) Scott Speed (EUA/Toro Rosso-Cosworth/M), a 1 volta
14) Ralf Schumacher (ALE/Toyota/B), a 1 volta
15) Rubens Barrichello (BRA/Honda/M), a 1 volta
16) Jarno Trulli (ITA/Toyota/B), a 1 volta
17) Tiago Monteiro (POR/MF1-Toyota/B), a 2 voltas
18) Takuma Sato (JAP/Super Aguri-Honda/B), a 4 voltas

NÃO COMPLETARAM, Nº DE VOLTAS/MOTIVO:

Yuji Ide (JAP/Super Aguri-Honda/B), 35/mecânico
Jacques Villeneuve (CAN/BMW Sauber/M), 29/motor
Giancarlo Fisichella (ITA/Renault/M), 21/hidráulico
Christijan Albers (HOL/MF1-Toyota/B), 0/semieixo

GP do Bahrein - Alonso segue vencendo

A temporada 2006 começou do jeito que terminou a temporada 2005: com vitória de Fernando Alonso. O espanhol da Renault fez uma ótima prova, tenho de admitir (mesmo não simpatizando com ele). Largou em quarto por uma estratégia equivocada da Renault no treino de classificação, mas logo estava em segundo e acompanhou o ritmo de Schumacher, usando a mesma tática do alemão: voltas rápidas antes dos pitstops. No final, soube segurar Schumacher quando voltava dos boxes e mereceu o primeiro lugar e os primeiros 10 pontos no campeonato.

Seu companheiro de equipe, Fisichella, não teve a mesma sorte. Além de largar apenas em nono, sofreu durante a prova com problemas no carro e teve de abandonar.

A Ferrari, depois de um excelente desempenho na classificação, quando Schumacher ficou com a pole e Massa em segundo, teve momentos distintos na prova: Schummy esteve sempre competitivo e brigou com Alonso até o final, mas Felipe Massa decepcionou; o brasileiro, talvez com um certo afobamento que caracteriza seu estilo de pilotagem, pressionava Alonso quando errou na freada e rodou. Ao ir para os boxes logo em seguida, quem fez cagada foi a equipe, que não conseguia trocar um dos pneus traseiros e arruinou a corrida de Massa, que voltou em último e acabou em nono. Certamente não um bom começo.

A McLaren também teve situações distintas: Montoya largou em quinto lugar e terminou nessa mesma posição, numa corrida apagada; mas Raikkonen, como já está virando tradição, brilhou, terminando com um belo terceiro lugar depois de largar em 21º devido a uma quebra no treino de classificação. Ao contrário do ano passado, parece que a McLaren vem forte desde o início da temporada, e pode brigar pelo título. Mas Raikkonen realmente precisa de um banho de sal grosso pra espantar o azar que o persegue desde o ano passado.

No mais, o grande destaque da corrida foi sem dúvida o estreante Nico Rosberg: com uma Williams da qual ninguém esperava muita coisa, foi consistentemente o mais rápido na pista (fez inclusive a melhor volta da corrida) e terminou num bom sétimo lugar, uma posição atrás do companheiro Mark Webber. Detalhe: Rosberg largou em 12º, enquanto Webber largou em 7º. Parece que, afinal de contas, a Williams não está tão combalida quanto se imaginava. Mas ainda é cedo pra dizer qualquer coisa.

A Honda, de quem se esperava muito, foi meio que uma decepção: Jenson Button largou em 3º mas terminou em 4º, perdendo ritmo depois da metade da prova, e Barrichello, que sofreu com o carro durante todo o final de semana, acabou com um triste 15º lugar depois de perder a terceira marcha durante a corrida. O curioso é que Barrichello, que tem fama de bom acertador de carros, não achou o ajuste ideal para as condições do circuito no final de semana.

Outra equipe que sempre gera expectativa - no mínimo pela grande quantidade de grana que tem torrado na F1 -, a Toyota, teve um desempenho medíocre. Ralf Schumacher foi o 14º e Jarno Trulli apenas o 16º. E também sempre esteve ruim nos treinos. Ou seja, o carro é uma droga, e os japoneses vão gastar mais dinheiro ainda pra tentar consertá-lo.

Como eu havia previsto, a Super Aguri veio mesmo ocupar o lugar da Minardi como o grande mico do campeonato. Depois de se classificarem nas últimas posições, os dois pilotos japoneses amargaram o último lugar (Takuma Sato, que acabou 4 voltas atrás do líder!) e um abandono (Yuji Ide, cujo carro quebrou depois de 35 voltas).

Parece que a briga este ano será mesmo entre Renault, McLaren e Ferrari, sem descartar a Honda - que, afinal, pode apenas ter tido um fim de semana ruim e se recuperar daqui para a frente. Se o carro da Ferrari melhorou muito em relação ao ano passado, não se pode deixar de notar que não é um carro superior aos rivais, como costumava ser. Isso significa um campeonato mais equilibrado e certamente mais interessante.

O novo sistema de classificação, se ainda não é o ideal, pelo menos é bem superior ao sistema de voltas lançadas, e permite que os pilotos demonstrem mais habilidade ao tentar melhorar seus tempos.

No próximo fim de semana, GP da Malásia. Aí vamos poder ter uma idéia melhor de onde as equipes se situam em relação umas às outras nesta temporada.


Alonso em primeiro, Schumacher em segundo: promessa de um campeonato disputado.

10 março 2006

Como será a temporada 2006 - parte III - Equipes e pilotos (cont.)


Honda

Depois de alguns anos de uma parceria infrutífera com a BAR, comprou a equipe e está investindo uma boa grana com o objetivo de ser campeã, de preferência o mais rápido possível. De todas as equipes, parece ser a que mais investiu num planejamento cuidadoso e conta com a disciplina dos japoneses para alcançar bons resultados. Deverá ter uma ótima temporada em 2006, embora o título de campeã ainda pareça estar um pouco distante.

Pilotos:

Rubens Barrichello - é aquele piloto que sempre diz no início da temporada: "agora vai!", mas nunca vai para lugar algum. Teve de conviver com o talento superior de Schumacher por longos seis anos na Ferrari, o que o deixou cada vez mais desanimado. Experimenta uma espécie de recomeço em 2006, já que os novos ares da Honda lhe deram uma nova alegria de correr. Além disso, é o primeiro piloto da equipe e pode trabalhar mais relaxado. Piloto regular, ótimo acertador de carros (recebeu elogios da equipe por isto), sofre apenas com a falta de criatividade e de ousadia nas corridas. Pode ter um bom desempenho neste ano.

Jenson Button - piloto rápido, uma das promessas da categoria, mas que ainda não engrenou. Precisa talvez tirar das costas o peso da ansiedade pela primeira vitória, e aí poderá mostrar mais talento.

Red Bull

Entrou na F1 para aumentar as vendas da sua bebida energética (aquela que "te dá asas"), comprando o espólio da extinta Jaguar, mas este ano parece estar levando a coisa a sério, e contratou um dos melhores projetistas da F1, o britânico Adrian Newey. Embora Newey não tenha participado da criação do novo carro - que parece ter nascido com alguns problemas -, ele poderá ajudar a melhorar o pacote ao longo da temporada e certamente participará da criação do carro de 2007, o que, no mínimo, mostra que a equipe tem a intenção de fazer algo mais na F1 do que apenas propaganda de seu produto. Corre com motores Ferrari e mantém um programa de jovens pilotos para ajudar a revelar talentos para a F1.

Pilotos:

David Coulthard - passou longos anos apagado como segundo piloto na McLaren, e no ano passado, talvez contagiado pela jovialidade do time, entregou bons desempenhos na primeira metade da temporada. Contudo, Coulthard está longe de ser um gênio das pistas; é o famoso piloto "feijão com arroz", que faz seu papel com competência e sem brilho.

Christian Klien - o austríaco tem demonstrado algum talento na F1, mas não é brilhante. Ainda comete erros primários, e parece rezar pela mesma cartilha de Coulthard, ou seja, é um piloto razoavelmente eficiente mas sem muita inspiração.

BMW Sauber

A BMW, depois de uma parceria conflituosa com a Williams, decidiu botar a mão na massa e ter sua própria equipe em 2006. Comprou o que restava da Sauber, adicionou o nome BMW e espera fazer mais bonito como equipe do que a Williams nos últimos anos. Deve fazer um campeonato discreto, talvez belisque alguns pontos, sei lá... Não vai fazer muita diferença.

Pilotos:

Nick Heidfeld - outro piloto que despontou como promessa, ao lado de Raikonnen (correram pela mesma equipe, a Sauber), mas que ficou para trás enquanto o finlandês seguiu em frente. Resgatado das brumas da história pelo pessoal da BMW, permaneceu com a empresa quando do divórcio da Williams, pela qual correu no ano passado. Tem fama de saber acertar os carros e é um piloto regular, ainda que não muito brilhante.

Jacques Villeneuve - ao lado de Schumacher e agora de Alonso, é o único da temporada 2006 que já foi campeão - pela Williams, no distante ano de 1997. Com fama de encrenqueiro e "bad boy", parece ter amadurecido ao longo dos anos em que esteve associado ao fracassado projeto da BAR. Mas não tem, nem de longe, o mesmo talento que tinha no passado. Se não tiver um carro construído sob medida para seu estilo de pilotagem, não faz nada que se destaque.

Midland F1 (MF1)

O milionário Alex Shnaider, russo radicado no Canadá, talvez entediado por não saber mais como gastar seus milhões, resolveu investir na F1 e comprou a antiga equipe Jordan. Parece estar jogando dinheiro fora, já que a equipe, uma das mais fracas na F1 atualmente, não tem chances de fazer muita coisa no campeonato.

Pilotos:

Tiago Monteiro - correndo pela Jordan (já comprada por Shnaider) em 2005, o português demonstrou regularidade ao ficar com o título de piloto novato que mais conseguiu terminar corridas num campeonato - foram 16 provas levando o carro até a bandeirada final. Para um novato, não costuma cometer erros gritantes e há quem o aponte como um possível talento na categoria.

Christijan Albers - holandês, ganhou a vaga na MF1 com o dinheiro de patrocinadores holandeses, depois de correr pela Minardi em 2005, onde até que não fez feio, considerando que corria pela pior equipe da categoria. Não deve sair das últimas filas este ano.

Toro Rosso

A equipe (cujo nome é "Red Bull" em italiano) foi criada pela Red Bull para ser sua equipe B, com base no espólio da Minardi, comprada no final do ano passado. Não pretende fazer muito mais do que a Minardi, e se fizer mais, estará de bom tamanho. Curiosidade: o ex-piloto Gerhard Berger comprou 50% de suas ações e será o principal homem de pista no comando. Boa sorte a Berger.

Pilotos:

Vitantonio Liuzzi - piloto medíocre, alternou algumas corridas com Klien pela Red Bull em 2005, até a equipe perceber que o austríaco era melhor piloto e dispensar Liuzzi. Forte candidato a um dos piores pilotos de 2006.

Scott Speed - mais um americano tenta a sorte na F1 - em parte por um golpe de marketing da Red Bull, interessada em vender latinhas no mercado americano. A empresa tem investido nele há algum tempo, como parte de seu programa de novos pilotos, mas ele fez uma temporada não mais do que mediana na GP2 no ano passado. Totalmente inexperiente, vai sofrer muito na sua primeira temporada.

Super Aguri

Esta equipe deve render boas risadas em 2006. Quando a Honda dispensou o japonês Takuma Sato, no ano passado, a torcida japonesa (que gosta do estilo "showman amalucado" de Sato) chiou barbaridades e a Honda, para não ficar mal aos olhos do público, criou nas carreiras a equipe Super Aguri, comandada pelo ex-piloto Aguri Suzuki, como forma de dar um teto ao divertido Taku. O time foi montado às pressas, vai correr com o atrasadíssimo chassi da extinta Arrows (de 2002!) e deve ocupar o lugar que era da Minardi nas últimas filas do grid.

Pilotos:

Takuma Sato - considerado o melhor piloto japonês desde... hum... desde... bom, deixa pra lá. Sato chamou a atenção pelas performances ousadas em 2004, correndo pela BAR, quando chegou a subir ao pódio. Ganhou a simpatia do torcedor japonês, mas no ano passado patinou e não conseguiu fazer nada relevante. Ganhou uma equipe só pra ele e não vai fazer nada este ano, pelo menos nada sério, não com esse carro.

Yuji Ide - estreante, é totalmente desconhecido do Ocidente, pois fez carreira no automobilismo japonês. Absolutamente inexperiente e quase sem nenhuma quilometragem com um F1, Ide corre o risco de ser um grande obstáculo para os melhores pilotos, porque sempre há a possibilidade de ele fazer uma grande lambança na pista na hora de ser ultrapassado como retardatário. Mas vai que o japinha é um gênio das pistas... Quem sabe?

-----------

Enfim, essas são as equipes e pilotos que disputarão a temporada 2006. Ano de transição para a F1, mas que deverá ter momentos muito interessantes na disputa pelo titulo.

Amanhã teremos o primeiro treino classificatório do ano, para definir o grid do GP do Bahrein, e eu comento mais sobre a performance das equipes.

Como será a temporada 2006 - parte II - Equipes e pilotos


Renault

Campeã no ano passado, a Renault enfrenta incertezas nesta temporada. Por um lado, seu piloto número 1, Alonso, já está de contrato assinado com a McLaren para 2007, e isso pode gerar atritos entre ele e a equipe. Por outro lado, o presidente da empresa vive querendo podar os gastos com a F1, e a Renault precisa continuar vencendo para permanecer na categoria. Parece ter feito, assim como no ano passado, um carro forte para enfrentar o campeonato, e sem dúvida é uma das favoritas ao título.

Pilotos:

Fernando Alonso - campeão no ano passado, quebrando a hegemonia de Schumacher, o jovem espanhol parece ser bastante maduro e experiente para sua pouca idade. É um piloto que corre com o regulamento debaixo do braço - não costuma se arriscar se puder beliscar alguns pontos importantes. Assinou contrato para correr pela McLaren em 2007, o que pode prejudicá-lo junto à Renault nesta temporada.

Giancarlo Fisichella - o italiano vive na fila para entrar na galeria dos grandes pilotos, mas sempre falta alguma coisa. Começou o ano passado muito bem, vencendo a corrida da Austrália, mas depois foi eclipsado por Alonso e enfrentou problemas até o fim do campeonato. É consistente, rápido e pilota bem debaixo de chuva.

McLaren

Depois de começar mal o ano passado, recuperou-se e na segunda metade da temporada tinha o carro mais veloz - o que não foi suficiente para recuperar um título que não consegue desde 1999. Neste ano, parece repetir a sina: seu carro tem apresentado alguns problemas, principalmente em relação à confiabilidade, mas a equipe é forte e talentosa, e sempre pode ameaçar a favorita Renault. O problema é que perderam um dos melhores projetistas da F1, Adrian Newey, que foi para a Red Bull.

Pilotos:

Kimi Raikkonen - Vice-campeão no ano passado, é rápido, tem um ótimo ritmo de corrida e sabe encarar os problemas e as pressões com frieza - tanto que recebeu o apelido de "Iceman". Pode ser que vá para a Ferrari em 2007, mas tem sido discreto sobre o assunto para evitar se queimar dentro do time.

Juan Pablo Montoya - chegou como grande promessa, murchou ao longo dos anos e agora cumpre - às vezes sem muito entusiasmo - o papel de segundo piloto. Se tem um bom equipamento, é capaz de render bem, mas continua irregular em ritmo de corrida.

Ferrari

Depois de dominar a categoria durante cinco anos, a Ferrari desceu ladeira abaixo no ano passado e busca a recuperação neste ano. Trocou um brasileiro desanimado (Barrichello) por um brasileiro cheio de gás (Massa), mas continua dependendo do gênio de Michael Schumacher. E esse é seu maior problema, uma vez que Schummy decide este ano se vai parar ou continuar a correr. Tudo depende do desempenho do carro, e os prognósticos, com base nos primeiros testes, não são muito animadores. Mas a volta das trocas de pneus pode ajudar a equipe, que é conhecida por excelentes estratégias de pitstops.

Pilotos:

Michael Schumacher - último dos grandes gênios do esporte, sete vezes campeão do mundo, não precisa mais provar nada pra ninguém; só continua a correr por prazer, e se o carro da Ferrari não lhe proporcionar o prazer de vencer em 2007, ele pendura as chuteiras.

Felipe Massa - sabe que só tem uma bala na agulha; com contrato apenas para este ano, precisa mostrar serviço se quiser continuar no time na era pós-Schumacher. Tem o entusiasmo e a impetuosidade dos jovens, e é um piloto rápido. Resta saber como vai lidar com o fato de que a Ferrari gira em torno de Schumacher.

Toyota

Entrou na categoria despejando um caminhão de dinheiro para tentar ser campeã, mas nunca passou de resultados medíocres. Este ano, parece novamente ter errado a mão no projeto do carro, que já precisa passar por revisões aerodinâmicas. Mas tem dinheiro para investir, e pode corrigir rumos ao longo da temporada. Ou não.

Pilotos:

Ralf Schumacher - o irmão menos talentoso de Michael Schumacher até agora não mostrou a que veio na F1. É esforçado, mas muito irregular em ritmo de corrida.

Jarno Trulli - outra promessa que parece não se concretizar, é excelente piloto quando as coisas vão bem, mas encolhe nos momentos difíceis, não sendo capaz de tirar o máximo de um carro ruim.

Williams

Última representante das equipes independentes, não está ligada a nenhuma montadora e é a única herdeira da tradição dos "garagistas" da década de 70. Com claras dificuldades financeiras, terá em 2006 um ano de transição, correndo com motores Cosworth para tapar buraco até 2007, quando correrá com motores Toyota. Não se deve esperar muito da equipe neste ano.

Pilotos:

Mark Webber - tem mais fama do que talento. Despontou como um piloto rápido tirando leite de pedra com o péssimo carro da extinta Jaguar, mas bastou ir para uma equipe "de ponta" (ou de tradição) para mostrar que não é lá essas coisas. Ocasionalmente entrega um bom desempenho, mas na maioria das vezes é um piloto apagado.

Nico Rosberg - um dos estreantes na categoria em 2006, vem com o prestígio de campeão da GP2 - categoria de acesso à F1 - e com a expectativa de ser tão rápido quanto seu pai, o campeão Keke Rosberg. Deixou boa impressão nos testes de pré-temporada, mas deve sofrer com as dores do noviciado.

08 março 2006

Como será a temporada 2006 - parte I

Agora sim. Com alguns dias de férias, terei tempo para me dedicar mais ao Cockpit e começo fazendo um apanhado geral do que será a temporada de 2006, em relação ao novo regulamento e às equipes que participarão.

2006 vem sendo considerado um ano de transição para a Fórmula 1. Provavelmente, será o último ano do grande campeão Michael Schumacher na categoria, e seus dois mais talentosos sucessores também estão em fase transitória: Fernando Alonso, campeão pela Renault no ano passado, já está de malas prontas para a McLaren em 2007; e Kimi Raikkonen, que foi seu rival direto na briga pelo título em 2005, dificilmente ficará na McLaren no ano que vem (toda a imprensa esportiva dá como certa a sua transferência para a Ferrari).

Na eterna briga para reduzir os custos e tornar mais emocionante a categoria, a FIA (entidade que organiza o esporte) promoveu várias mudanças no regulamento em relação ao ano passado. As três mexidas mais importantes são:

- A volta dos motores V8 em substituição aos V10 de 3.000 cc. A idéia, aqui, é matar dois coelhos com uma capotada só (sorry, não resisti): diminuir a crescente velocidade dos carros, que ameaçava provocar acidentes sérios, e reduzir os custos, já que todas as equipes terão de seguir certas especificações e padrões na fabricação dos motores, tirando um pouco a liberdade dos projetistas - e, espera-se, reduzindo a dinheirama que as equipes ricas gastam para aprimorar cada vez mais o motor.

- A volta das trocas de pneus durante a corrida, o que acrescenta mais dinamismo ao espetáculo e dá uma chance para a fabricante de pneus Bridgestone, que se atrapalhou toda no ano passado quando teve de fazer um pneu que durasse uma corrida inteira.

- A mudança no sistema de classificação (oh, não! de novo?). Neste ano, o grid será definido da seguinte forma:

  1. Nos primeiros 15 minutos, todo mundo entra na pista com a gasolina que quiser no tanque. Os seis pilotos mais lentos saem da classificação e ocupam da 17ª à 22ª posição no grid;
  2. Os que sobraram (16 pilotos) têm mais 15 minutos de sessão, andando do jeito que quiserem. Os seis piores deste segundo grupo preenchem da 11ª à 16ª posições;
  3. Até aqui, tudo bem, certo? Esses 12 "eliminados" podem começar a corrida com a quantidade de combustível que quiserem no tanque.
  4. A coisa começa a complicar aqui: os dez pilotos que sobraram terão 20 minutos para definir as 10 primeiras posições no grid, mas terão de colocar no tanque a quantidade de combustível que irão usar na largada. Após o grid ser definido, os dez carros serão pesados novamente e o tanque será completado para ficar com a quantidade de gasolina que eles tinham antes de ir para a pista na última sessão.
Uma das conseqüências desta última parte é que poderemos ter carros mais pesados largando na frente de carros mais leves, e até mesmo o tempo da pole position poderá ser superior ao tempo do 11º colocado, por causa do peso. Enfim, um mecanismo desnecessariamente complicado mas que tem o mérito de aposentar as horrendas "voltas lançadas" do ano passado.

Além destas mexidas, o grid volta a ter 22 carros, coisa que não acontecia desde 2002, e isto sempre torna as corridas mais interessantes. Os motores V8 parecem ser mais propensos a quebras do que os V10, então terá vantagem a equipe que construir motores mais resistentes - ponto forte da Renault e fraco da McLaren, por exemplo.

Por fim, três estreantes na categoria, o que promete render ao menos boas risadas com "momentos Katayama" durante as provas. (Pra quem não lembra, Ukyo Katayama, apelidado aqui no Brasil de "Katagrama", era aquele piloto japonês pródigo em rodadas e acidentes, que parece ter passado mais tempo na grama e nas caixas de brita do que no asfalto das pistas).

Amanhã, retorno com um resumo das equipes e pilotos que disputarão a temporada de 2006. E dia 12 começa o campeonato, com o GP do Bahrein.