10 março 2006

Como será a temporada 2006 - parte III - Equipes e pilotos (cont.)


Honda

Depois de alguns anos de uma parceria infrutífera com a BAR, comprou a equipe e está investindo uma boa grana com o objetivo de ser campeã, de preferência o mais rápido possível. De todas as equipes, parece ser a que mais investiu num planejamento cuidadoso e conta com a disciplina dos japoneses para alcançar bons resultados. Deverá ter uma ótima temporada em 2006, embora o título de campeã ainda pareça estar um pouco distante.

Pilotos:

Rubens Barrichello - é aquele piloto que sempre diz no início da temporada: "agora vai!", mas nunca vai para lugar algum. Teve de conviver com o talento superior de Schumacher por longos seis anos na Ferrari, o que o deixou cada vez mais desanimado. Experimenta uma espécie de recomeço em 2006, já que os novos ares da Honda lhe deram uma nova alegria de correr. Além disso, é o primeiro piloto da equipe e pode trabalhar mais relaxado. Piloto regular, ótimo acertador de carros (recebeu elogios da equipe por isto), sofre apenas com a falta de criatividade e de ousadia nas corridas. Pode ter um bom desempenho neste ano.

Jenson Button - piloto rápido, uma das promessas da categoria, mas que ainda não engrenou. Precisa talvez tirar das costas o peso da ansiedade pela primeira vitória, e aí poderá mostrar mais talento.

Red Bull

Entrou na F1 para aumentar as vendas da sua bebida energética (aquela que "te dá asas"), comprando o espólio da extinta Jaguar, mas este ano parece estar levando a coisa a sério, e contratou um dos melhores projetistas da F1, o britânico Adrian Newey. Embora Newey não tenha participado da criação do novo carro - que parece ter nascido com alguns problemas -, ele poderá ajudar a melhorar o pacote ao longo da temporada e certamente participará da criação do carro de 2007, o que, no mínimo, mostra que a equipe tem a intenção de fazer algo mais na F1 do que apenas propaganda de seu produto. Corre com motores Ferrari e mantém um programa de jovens pilotos para ajudar a revelar talentos para a F1.

Pilotos:

David Coulthard - passou longos anos apagado como segundo piloto na McLaren, e no ano passado, talvez contagiado pela jovialidade do time, entregou bons desempenhos na primeira metade da temporada. Contudo, Coulthard está longe de ser um gênio das pistas; é o famoso piloto "feijão com arroz", que faz seu papel com competência e sem brilho.

Christian Klien - o austríaco tem demonstrado algum talento na F1, mas não é brilhante. Ainda comete erros primários, e parece rezar pela mesma cartilha de Coulthard, ou seja, é um piloto razoavelmente eficiente mas sem muita inspiração.

BMW Sauber

A BMW, depois de uma parceria conflituosa com a Williams, decidiu botar a mão na massa e ter sua própria equipe em 2006. Comprou o que restava da Sauber, adicionou o nome BMW e espera fazer mais bonito como equipe do que a Williams nos últimos anos. Deve fazer um campeonato discreto, talvez belisque alguns pontos, sei lá... Não vai fazer muita diferença.

Pilotos:

Nick Heidfeld - outro piloto que despontou como promessa, ao lado de Raikonnen (correram pela mesma equipe, a Sauber), mas que ficou para trás enquanto o finlandês seguiu em frente. Resgatado das brumas da história pelo pessoal da BMW, permaneceu com a empresa quando do divórcio da Williams, pela qual correu no ano passado. Tem fama de saber acertar os carros e é um piloto regular, ainda que não muito brilhante.

Jacques Villeneuve - ao lado de Schumacher e agora de Alonso, é o único da temporada 2006 que já foi campeão - pela Williams, no distante ano de 1997. Com fama de encrenqueiro e "bad boy", parece ter amadurecido ao longo dos anos em que esteve associado ao fracassado projeto da BAR. Mas não tem, nem de longe, o mesmo talento que tinha no passado. Se não tiver um carro construído sob medida para seu estilo de pilotagem, não faz nada que se destaque.

Midland F1 (MF1)

O milionário Alex Shnaider, russo radicado no Canadá, talvez entediado por não saber mais como gastar seus milhões, resolveu investir na F1 e comprou a antiga equipe Jordan. Parece estar jogando dinheiro fora, já que a equipe, uma das mais fracas na F1 atualmente, não tem chances de fazer muita coisa no campeonato.

Pilotos:

Tiago Monteiro - correndo pela Jordan (já comprada por Shnaider) em 2005, o português demonstrou regularidade ao ficar com o título de piloto novato que mais conseguiu terminar corridas num campeonato - foram 16 provas levando o carro até a bandeirada final. Para um novato, não costuma cometer erros gritantes e há quem o aponte como um possível talento na categoria.

Christijan Albers - holandês, ganhou a vaga na MF1 com o dinheiro de patrocinadores holandeses, depois de correr pela Minardi em 2005, onde até que não fez feio, considerando que corria pela pior equipe da categoria. Não deve sair das últimas filas este ano.

Toro Rosso

A equipe (cujo nome é "Red Bull" em italiano) foi criada pela Red Bull para ser sua equipe B, com base no espólio da Minardi, comprada no final do ano passado. Não pretende fazer muito mais do que a Minardi, e se fizer mais, estará de bom tamanho. Curiosidade: o ex-piloto Gerhard Berger comprou 50% de suas ações e será o principal homem de pista no comando. Boa sorte a Berger.

Pilotos:

Vitantonio Liuzzi - piloto medíocre, alternou algumas corridas com Klien pela Red Bull em 2005, até a equipe perceber que o austríaco era melhor piloto e dispensar Liuzzi. Forte candidato a um dos piores pilotos de 2006.

Scott Speed - mais um americano tenta a sorte na F1 - em parte por um golpe de marketing da Red Bull, interessada em vender latinhas no mercado americano. A empresa tem investido nele há algum tempo, como parte de seu programa de novos pilotos, mas ele fez uma temporada não mais do que mediana na GP2 no ano passado. Totalmente inexperiente, vai sofrer muito na sua primeira temporada.

Super Aguri

Esta equipe deve render boas risadas em 2006. Quando a Honda dispensou o japonês Takuma Sato, no ano passado, a torcida japonesa (que gosta do estilo "showman amalucado" de Sato) chiou barbaridades e a Honda, para não ficar mal aos olhos do público, criou nas carreiras a equipe Super Aguri, comandada pelo ex-piloto Aguri Suzuki, como forma de dar um teto ao divertido Taku. O time foi montado às pressas, vai correr com o atrasadíssimo chassi da extinta Arrows (de 2002!) e deve ocupar o lugar que era da Minardi nas últimas filas do grid.

Pilotos:

Takuma Sato - considerado o melhor piloto japonês desde... hum... desde... bom, deixa pra lá. Sato chamou a atenção pelas performances ousadas em 2004, correndo pela BAR, quando chegou a subir ao pódio. Ganhou a simpatia do torcedor japonês, mas no ano passado patinou e não conseguiu fazer nada relevante. Ganhou uma equipe só pra ele e não vai fazer nada este ano, pelo menos nada sério, não com esse carro.

Yuji Ide - estreante, é totalmente desconhecido do Ocidente, pois fez carreira no automobilismo japonês. Absolutamente inexperiente e quase sem nenhuma quilometragem com um F1, Ide corre o risco de ser um grande obstáculo para os melhores pilotos, porque sempre há a possibilidade de ele fazer uma grande lambança na pista na hora de ser ultrapassado como retardatário. Mas vai que o japinha é um gênio das pistas... Quem sabe?

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Enfim, essas são as equipes e pilotos que disputarão a temporada 2006. Ano de transição para a F1, mas que deverá ter momentos muito interessantes na disputa pelo titulo.

Amanhã teremos o primeiro treino classificatório do ano, para definir o grid do GP do Bahrein, e eu comento mais sobre a performance das equipes.