Ímola: Uma vitória suada

A Ferrari renasceu dos mortos neste domingo, no GP de San Marino, disputado no circuito de Ímola.

Depois de Schumacher fazer a pole, restava a expectativa de uma vitória fácil. A vitória veio, mas não foi nem um pouco fácil.

Schumi manteve a pole na largada, seguido por Button, Massa (que ultrapassou Barrichello) e Alonso (que também ultrapassou Barrichello, que coisa, hein?).

A corrida vinha morna e sem grandes emoções até a primeira parada nos boxes. (A não ser pelo toque de Ide em Albers ainda na primeira volta, que fez o piloto da MF1 capotar várias vezes e forçou a entrada do safety car na pista. Nada grave aconteceu ao holandês.)

Depois da primeira rodada de pitstops, Schumacher - que vinha até então fazendo a melhor volta da corrida seguidamente - começou a perder rendimento e a andar até 2 segundos mais lento do que as voltas anteriores, o que facilitou a aproximação de Alonso, que estava em segundo, tendo passado Button e Massa. A briga começou aí. Alonso, com um carro mais rápido e muito equilibrado, tentava encontrar uma brecha para passar mas Schumacher segurava a posição a duras penas.

Foi aí que a Renault jogou fora a vitória: ao invés de esperar pela parada de Schumacher para fazer Alonso dar voltas voadoras e abrir uma boa diferença antes da segunda parada do espanhol, a equipe chamou Alonso para os pits antes do alemão. Resultado: Schumacher, mesmo mais lento do que antes da primeira parada, conseguiu manter a diferença e voltou do pitstop à frente de Alonso.

Alonso continuou a pressionar Schumi até o final da prova, e o alemão provou porque ainda é um dos gênios desse esporte, segurando o espanhol com uma pilotagem precisa, sem erros, antecipando as freadas na hora certa - de certa forma, deu o troco em Alonso, que na corrida do ano passado em Ímola fez a mesma coisa e com a mesma categoria.

A vitória encerra o longo e tenebroso inverno da Ferrari - se descontarmos a corrida bizarra do GP dos EUA em 2005, com apenas seis carros na pista, a Ferrari não ganhava uma corrida "de verdade" desde o GP do Japão de 2004, vencido por Schumacher.

A McLaren foi a grande decepção do final de semana. Montoya chegou em terceiro, numa corrida correta porém sem brilho, e Raikkonen foi apenas o quinto, atrás de Felipe Massa. Ron Dennis, chefão da McLaren, já deu um puxão de orelha em Raikkonen por causa da corrida apagada do finlandês, que pode estar fazendo corpo mole já que existe o boato de que ele vai para a Ferrari em 2007. Raikkonen pode ter entregado os pontos, pensando: "ah, foda-se, não vou ganhar mesmo este ano, por que eu iria me esforçar?". Ou pode ter sido apenas um final de semana ruim para a equipe.

A Honda conseguiu a façanha de estragar a corrida de seus dois pilotos: Barrichello perdeu tempo no primeiro pitstop devido a um problema no bocal de combustível, e caiu várias posições. Depois, alegou que o carro teve problema nos freios para justificar a fraca 10ª colocação que lhe coube na prova.

Já Jenson Button teve problemas nas duas paradas: na primeira, demoraram no trabalho para trocar o pneu traseiro direito; na segunda, o mecânico levantou o pirulito antes da hora e Button saiu arrastando mecânicos, mangueira de combustível e o escambau. Resultado: um modesto 5º lugar para o britânico, cada dia mais puto com a equipe pela falta de resultados.

A Williams ainda beliscou um sexto lugar com Mark Webber, que foi discreto e competente neste GP.

A BMW, que vinha tendo um razoável desempenho nos GPs anteriores, não passou de longínquos 12º e 13º lugares em Ímola (para Villeneuve e Heidfeld, respectivamente).

Apesar da boa vitória de Schumacher, Alonso segue com folga na liderança do campeonato: soma 36 pontos conta 21 do heptacampeão. Mesmo com um desempenho ruim neste final de semana, Raikkonen ainda está na briga, com 18 pontos.

Daqui a duas semanas, Nürburgring.

Schumacher mantém a pole na largada...

... segura Alonso durante boa parte da prova...

... e comemora uma suada vitória que o coloca na briga pelo campeonato.